Agência Brasil - 27/09/2018
Pequenas empresas participaram nessa quarta-feira (26), em São Paulo, de uma rodada de negócios - espaço em que buscam oferecer seus produtos e soluções a quem já está estabelecido no mercado. Foi durante o Fórum Encadear, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Em uma rodada como essa, jovens empreendedores se reúnem com representantes de grandes empresas. Eles têm 20 minutos para apresentar seus serviços e de que maneira podem atender à demanda de cada companhia. Imediatamente, ou dias depois, um negócio pode ser fechado.
O objetivo da iniciativa é contribuir para o fortalecimento do empreendedorismo, especialmente por meio da inserção desses agentes em grandes cadeias de valor. Apesar de estar entre as 10 maiores economias do mundo, o Brasil ainda foi o 80º entre 137 nações avaliadas no Relatório Global sobre Produtividade de 2017 e ocupou a 64ª posição no Ranking Mundial de Inovação, divulgado este ano.
No cenário econômico atual, os negócios menores têm mostrado potencial importante na geração de postos de trabalho. “Neste ano foram criadas 450 mil vagas de emprego. Dessas, 85% foram geradas nas micro e pequenas empresas. A grande empresa, em função dos avanços tecnológicos, em função da revolução digital, é a que está contratando menos”, afirmou o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, em debate no fórum.
A rodada de negócios foi criada para facilitar contatos entre grupos econômicos estabelecidos e empreendedores iniciantes e ampliar os negócios. “O intuito é a gente trazer o pequeno para um tipo de reunião que talvez ele nunca conseguisse marcar. Ele teria uma série de barreiras que a gente quebra. A gente só vai reunir um pequeno negócio que possa ampliar mercado quando ele tiver condição de fazer isso”, explicou a responsável pelo tema no Sebrae, Taís Gomides, à Agência Brasil.
Segundo Gomides, um dos desafios é chegar a um nível mínimo com qualidade e volume de oferta de serviços desses fornecedores. No caso das startups, ponderou, os obstáculos ficam menores, uma vez que atividades baseadas em tecnologia demandam menos matéria-prima. Mas, mesmo assim, os empreendedores precisam estar em um estágio em que consigam formatar e vender seus produtos. A coordenadora acrescentou que o Sebrae tem buscado atuar nessa demanda, oferecendo formação, acompanhamento e consultoria para qualificar a formatação da oferta de serviços, além da promoção das rodadas e espaços de aproximação entre grandes e pequenos.
Segundo dados da organização, nesta rodada realizada na capital paulista, 84 empreendedores iniciantes participaram, apresentando soluções e serviços. A expectativa do Sebrae é de que os diálogos e acordos possam gerar até R$ 15 milhões em compras, contratações e outras formas de parceria.
Márcia Gonçalves foi uma das empreendedoras selecionadas para as reuniões. Diretora da empresa Focus, ela apresentou a um conglomerado do ramo de cimento um aplicativo para gestão de ponto eletrônico de funcionários. Segundo a executiva, a solução facilita o acompanhamento e reduz custos no controle de jornadas de trabalho de quem trabalha fora e dentro das sedes das firmas. “Para nós, que somos pequenos desenvolvedores, foi uma oportunidade maravilhosa de estar com empresas do potencial das que estão aqui”, comentou.
Aplicativos
Na outra ponta do evento, pequenas empresas de tecnologia (startups) se revezavam em apresentações rápidas, enquanto executivos de grandes grupos ouviam, tiravam dúvidas e marcavam novas conversas para discutir possíveis contratações. Uma delas mostrava um aplicativo para remunerar pessoas por “caronas”, como forma de transporte mais barato que o táxi, Uber e serviços semelhantes.
Outro empreendedor apresentou um sistema de transporte fretado integrado para deslocamento de trabalhadores ao emprego. Quanto mais empresas aderem, maiores as opções de rotas. O sistema calcula trajetos e opções mais rápidas. Otimizando os ônibus, asvans e os percursos, o aplicativo conseguiria reduzir o tempo de movimentação dos empregados e os custos de transporte aos empregadores. De acordo com o executivo da startup, a economia seria, em média, de 30%.
O encontro, chamado “Desafio da Inovação”, foi outra forma de tentar conectar, de um lado, empreendedores ainda não consolidados no mercado e com soluções a, de outro, grupos estabelecidos e com problemas e demandas por novos fornecedores. Após as apresentações, as startups cujos produtos despertaram interesses passam por novas rodadas de conversas.
Alexandre Sousa foi um desses. Diretor da empresa Eu Empreendo, ele apresentou um aplicativo de comunicação para empresas que faz a interação por diversos canais (como e-mail, SMS e outras formas de mensageiro). Além disso, pode organizar projetos e tarefas, monitorando andamento, prazos e etapas concluídas.
O empreendedor participou de uma seleção de fornecedores de um grande grupo, mas acabou saindo com contatos com outras empresas. “Esse ambiente aqui é fundamental. A gente jamais iria conseguir falar com a Braskem [empresa promotora da seleção] com tanta facilidade. Até a gente chegar na companhia e achar quem decide, ia demorar um ano. Hoje eles estavam aqui nos ouvindo”, avaliou.
*O repórter viajou a convite do Sebrae