O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 25, ao presidente Jair Bolsonaro que, para o benefício médio do Renda Brasil chegar a R$ 300, seria preciso cortar as deduções de saúde e educação do Imposto de Renda. Bolsonaro achou pouco o valor médio de R$ 247 para o novo programa pensado pelo governo para substituir o Bolsa Família. Hoje, o programa criado pela gestão petista tem um valor médio de R$ 190. A criação do Renda Brasil está atrelada a uma reformulação de programas considerados “ineficientes” pela equipe econômica, como abono salarial (benefício de um salário mínimo voltado para quem ganha até dois pisos) e seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida), entre outros.
Deduções do IR afetam os mais ricos
Guedes ressaltou ao presidente que é possível ampliar o valor para R$ 300, desde que haja um corte nas deduções do Imposto de Renda. De acordo com os dados da Receita Federal, os mais ricos são os mais privilegiados com o abatimento de despesas médicas e educacionais da base de cálculo do imposto. Estudo do Ministério da Economia aponta que as deduções representam o valor mais expressivo –R$ 15,1 bilhões ao ano– dentre os chamados gastos tributários do governo com saúde. Isso representa quase um terço dos subsídios na área.
Os números mostram que os 19,7% mais ricos abateram R$ 44,4 bilhões em despesas com saúde na declaração de 2018, que considera os rendimentos obtidos no ano anterior. O valor é mais da metade do total da isenção. A lei hoje não estabelece nenhum teto para deduções de despesas médicas da base de cálculo do Imposto de Renda. Como geralmente é a população de maior renda que tem mais acesso a serviços médicos particulares, ela é a maior contemplada, ao conseguir abater a totalidade dos gastos. Na prática, no entanto, o benefício tributário acaba sendo usado irregularmente até mesmo para procedimentos estéticos, como aplicação de botox.
* Com informações do Estadão Conteúdo