As análises de caráter econômico têm dominado todos os espaços da mídia nacional. O debate político que víamos acontecer, de forma explícita, até recentemente, parece ter se desmanchado no ar. À exceção da violência, não se fala de outro tema senão inflação, câmbio, juros, PIB, desenvolvimento, superávit primário, exportações, importações, crescimento, gasto público, carga tributária e PAC. Todos os demais componentes da vida de um cidadão são relegados à condição de conseqüente de algum antecedente econômico. E é assim mesmo: a vida gira em torno da economia e da política. A economia gerando a riqueza, e a política a distribuindo.
Se não nos preocuparmos com a política (não no seu sentido vulgar, mas no sentido de tomar decisões responsáveis) seremos só um objeto na mão de algum grupo que se preocupou em determinar o modo como devemos agir. Se não nos preocuparmos com a economia (não enquanto dinheiro, mas como um instrumento de bem estar social) seremos objeto de algum grupo que se preocupou em determinar o quanto devemos ganhar.
Imaginemos o que seria dos Técnicos da Receita Federal se não tivessem decidido constituir um Sindicato, para viabilizar a materialização dos seus sonhos e defensa dos ataques. Isso é fazer política: escolher a maneira como vamos trilhar o nosso caminho.
No cenário político e econômico de hoje, dois temas estão pautados para a nossa categoria: a Lei Orgânica do Fisco (que irá trazer a oportunidade de discutirmos as prerrogativas e garantias da carreira) e o Programa de Aceleração do Crescimento (que traz a ameaça de nos deixar sem condições favoráveis para promover as mudanças estruturais que entendemos que a Receita Federal necessita). São dois debates que teremos que enfrentar com muita competência e sabedoria, pois potencializam possibilidades de mudanças vitais para a consolidação da nossa categoria.
Todas as questões de nosso interesse são influenciadas pelo debate econômico. Tanto é que o dispositivo do PAC que trata de controle dos gastos públicos é específico no controle do salário do servidor, denotando que os grupos de poder que vêem no serviço público a fonte de todos os problemas da sociedade estão vencendo o debate. Nós não pensamos desta forma. Acreditamos que um Estado forte, eficiente, profissionalizado e estruturado em carreiras é o mais importante elemento de infra-estrutura dentre todos os que estão colocados no projeto do PAC. Nossa missão é provar a nossa tese e conquistar apoio político para a sua consecução.
Para isso, é preciso pensar na política e na economia como processos integrados e propor soluções que conquistem o apoio político e se mostrem economicamente viáveis.
Este é o nosso desafio.
Economista da Universidade de Brasília crítica vários pontos do PAC em Receita de Cidadania