Diante das recentes denúncias envolvendo o órgão principal do Tesouro Nacional na quebra de sigilo fiscal de políticos influentes no País, o presidente do Sindicato Nacional da Carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), Helio Bernades, manifesta-se em defesa da categoria. Ele explica que entende a situação como um profundo desprezo à lei e como um crescente descontrole sobre as atividades exercidas. Na entrevista a seguir, Bernades enfoca a necessidade de aprimorar os controles para evitar a ocorrência de novos desvios, e salienta que é preciso abandonar o olhar superficial sobre o fisco para enxergar o seu verdadeiro problema: o corporativismo nocivo à instituição e ao País.
Helio Bernades - Depois de a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) retornar às páginas dos jornais pela averiguação de quebra de sigilo fiscal de políticos influentes no cenário nacional, sob a acusação de aparelhamento político do órgão, o secretário Otacílio Cartaxo apressou-se em se declarar extremamente constrangido e traumatizado com os fatos. Um projeto de reestruturação da rede de proteção das informações sigilosas implica o redesenho de todo o sistema de acesso. Mediante a imposição de novos controles, através da criação de novas funcionalidades de natureza restritiva. Rememorando os fatos, setores da política nacional entenderam que a Secretaria da Receita Federal do Brasil tenta esconder motivação política da infração, atuando segundo os interesses do grupo político governante. Mas o motivo que moveu o secretário da RFB a vir a público tentar arrefecer o assédio da mídia ainda não foi exposto. Tanto interesse em como se conduz o órgão poderia revelar que, antes do Estado e do programa de governo estabelecido, a Receita Federal do Brasil tem servido aos interesses de classe dos auditores fiscais, à qual pertencem os integrantes da cúpula do órgão.