Falando com o leitor
Meias medidas Paulo Antenor de Oliveira
Estamos nos transformando em um País de meias medidas. Um bom exemplo são os famosos empréstimos consignados, que chegam a ser motivo de comemoração, por parte do governo. Essa praga das meias medidas, que está se disseminando, é uma ameça a todos.
O empréstimo consignado em folha é apenas um exemplo das soluções imediatas, que na maioria das vezes acaba agravando ainda mais o problema inicial. A conclusão é simples, utiliza empréstimo bancário apenas aquele que está sem dinheiro. E é na perda de poder aquisitivo que reside o verdadeiro problema. O governo deveria se empenhar ao invés de comemorar pequenos “avanços” ou sucesso de meias medidas.
Vivemos isso diariamente. Fazemos parte da Mesa Nacional de Negociação Permanente(MNNP) justamente para eliminar dos debates essas alternativas milagrosas de curto prazo. Nosso objetivo é instituir um programa real de recomposição e de ganhos salariais, para os servidores ativos, aposentados e pensionistas.
Começamos mais uma negociação em busca da dignidade e da justiça salarial para toda a categoria. Não estamos dispostos a ouvir meias medidas e propostas pela metade. Entendemos as dificuldades do Estado, o que não significa dizer que aceitamos esse discurso passivamente.
Nas primeiras reuniões da Mesa, também deixamos claro que não podemos aceitar a proposta do governo de incluir na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que será analisada no Congresso, um reajuste linear de 0,1% para todos os servidores. Esta proposta na realidade não será considerada.
Na MNNP nossa busca é pelo fortalecimento. Também estamos negociando questões pertinentes a carreira Auditoria da Receita Federal, diretamente na SRF. Lutamos por uma proposta de reajuste real que recomponha as perdas salariais, e principalmente restaure a dignidade retirada do trabalhador, que efetivamente não será restabelecida por nenhum empréstimo consignado em folha de pagamento.
Armadilhas como esta servem apenas para reduzir a tensão e diminuir, no primeiro momento, a angústia em que vive hoje o servidor público, em especial o aposentado. Lutamos diariamente para restabelecer a grandeza do Estado e do servidor público federal, que foi tão duramente atacada nos últimos governos.
Temos consciência de que não estamos negociando o impossível. Nossas propostas sempre foram apresentadas e debatidas dentro das possibilidades reais do Estado. Não abrimos mão do retorno da dignidade, do respeito e da recomposição da renda de todos os Técnicos da Receita Federal. Não nos ofereçam empréstimo descontado, que se mostrará um remédio amargo, num futuro breve.
É preciso eliminar de nosso País, a cultura da meia medida, da solução parcial e da política compensatória. Pois nenhum País se ergue e se mostra soberano se seu povo depende de medidas paleativas e compensatórias para sobreviver. É preciso repensar o Estado.
Presidente do SINDIRECEITA