Não há o que comemorar neste 1° de maio. Neste dia, devemos refletir sobre as lutas dos trabalhadores (as) brasileiros as), em especial os Analistas-Tributários (as) da Receita Federal do Brasil. Nós, servidores públicos vivemos um momento de profundo desalento, num país cuja administração pública vem penalizando os servidores públicos, nos submetendo a uma inflação ascendente e perdas salariais. Sem reposição desde 2019, somado ao processo inflacionário dos últimos anos, agravados pela pandemia de covid-19, nos causaram uma defasagem salarial que já atinge o absurdo de quase 30 %.
O reajuste de 5% que o governo cogita dar aos servidores públicos federais, após muita pressão de setores do serviço público, não é suficiente nem mesmo para cobrir a inflação de 2021, uma vez que o IPCA acumulou 10,06% em 2021. Por ser incapaz de recompor as perdas salariais dos funcionários do Executivo Federal, a proposta ainda está muito distante das nossas reivindicações. O poder aquisitivo dos servidores públicos tem declinado muito nas últimas décadas, no mesmo compasso que cresce a massa de servidores terceirizados.
Os servidores públicos federais, organizados no FONASEFE, exigem um mínimo de 19 % de recomposição salarial, para recompor as perdas inflacionárias acumuladas nos últimos três anos de governo Jair Bolsonaro. Os representantes sindicais concordaram ainda que a austeridade econômica e fiscal é seletiva, porque os militares têm reajuste desde 2019 e continuarão tendo reajustes até 2023.
A decisão da não reposição salarial dos servidores públicos se insere na linha política de um governo que tem desestruturado o Estado, com redução de concursos, defasagem de salários, e a tentativa de desestabilizar a união do funcionalismo público, ao colocar uma carreira contra a outra, concedendo reajuste a algumas categorias, e deixando as outras à míngua. O desrespeito com os servidores e o serviço público é tão absurdo que o governo sequer abriu uma mesa de negociação para tratar sobre o reajuste salarial, as informações chegam por meio da imprensa nacional.
Além disso, a PEC emergencial (PEC 186/19) prevê regras muito rígidas para o próximo ano. Sem concurso público há anos, a falta de profissionais atinge todos os setores públicos, e quem perde é a classe trabalhadora que mais precisa de serviços públicos, e enfrenta um dos piores períodos da história, com mais de um terço da população desempregada, com a fome e a miséria voltando a atingir milhões de brasileiros.
Em resposta ao descaso e desrespeito do governo, algumas entidades sindicais defendem a intensificação das paralisações, e uma ampla greve em diversos setores do serviço público federal, além dos que já estão em greve, como os trabalhadores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que estão parados desde o dia 23 de março. Os servidores do Banco Central (BC) chegaram a fazer uma greve de cerca de duas semanas, mas suspenderam o movimento com a promessa de diálogo por parte do presidente da instituição. Os Analistas – Tributários da Receita Federal cumprem operação padrão desde janeiro de 2021, além da entrega de mais de mil cargos.
Greve e mobilizações
Diversas mobilizações vão ocorrer neste domingo, 1º de maio, em todo país reunindo milhares de trabalhadores e trabalhadoras para mostrar, ao país que a classe trabalhadora quer o Brasil com outro rumo. “Um país com emprego, com desenvolvimento, com salários dignos, direitos, proteção social, desenvolvimento sustentável, respeito à democracia e à soberania”, afirmou o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre.
Por fim, destacamos a importância da organização sindical na luta em defesa de nossas pautas, pois somente com união de esforços dos trabalhadores através dos seus sindicatos, se conquista a força necessária para fazer reconhecer e valorizar nossos direitos, e o reajuste salarial é resultado de uma luta de todos nós, pois trata-se da nossa dignidade de viver com melhores condições.
Não venceremos a guerra contra a desvalorização do nosso trabalho, sozinhos!
A luta exige solidariedade, organização e parceria!
Diretoria Executiva Nacional do Sindireceita