Fomentar conexões genuínas entre as pessoas, atender necessidades humanas universais e transformar a sociedade para melhorar a vida de todos. Estes são alguns dos principais objetivos da Comunicação Não-Violenta (CNV), tema de Live promovida pela Comissão de Mulheres do Sindireceita às 19h desta terça-feira, dia 25. O assunto foi discutido em palestra intitulada Comunicação Não-Violenta e Espaço de Trabalho, ministrada pela Analista-Tributária, Cassimila Carvalho de Sousa.
Sousa ministra aulas sobre CNV na Receita Federal desde 2017 e atualmente é professora na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Graduada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, a ATRFB possui pós-graduações nas áreas de Cuidados Integrativos, pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e em Educação e Pedagogia, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
“Eu me propus a passar para vocês uma ideia profunda do que é a CNV, que pode transformar a sua visão sobre os conflitos, sobre a vida e te ajudar a se organizar em grupos como, por exemplo, a Comissão de Mulheres, para transformar o que é preciso e termos uma vida mais maravilhosa”, esclareceu Cassimila Carvalho na abertura de sua explanação. Segundo a especialista, o conceito aprofundado da CNV parte da ideia de que os seres humanos têm prazer em contribuir para a vida, para o bem-estar comum e para tornar a sua existência melhor.
Para isso, segundo Carvalho, é necessário que a sociedade se afaste de uma visão individualista da vida e compreenda a importância de que todos nós estamos organizados em comunidades que se influenciam, como no trabalho, na família, nas cidades, entre outras. “A ideia da CNV é de uma sociedade que caminha, evolui e se desenvolve junta. Não resolveremos nada sozinhos, é preciso estarmos em comunidade”, comentou.
Necessidades Humanas Universais
Conforme destacado pela Analista-Tributária, a CNV também parte da premissa de que todos nós somos violentos, por vivermos em uma sociedade violenta na qual ainda prevalecem relações hierárquicas de poder que discriminam pessoas com base em fatores como gênero, cor da pele, orientação sexual, entre outros aspectos. Para mudar este cenário, segundo Cassimila Carvalho, a CNV enseja o debate e busca fomentar conexões baseadas nas chamadas Necessidades Humanas Universais.
O conceito de Necessidades Humanas Universais também integra o conjunto de ideias aprofundadas da Comunicação Não-Violenta. Durante a Live, a Analista-Tributária citou estudo da autora, consultora e especialista em CNV, Marie R. Miyashiro, que exemplifica alguns fatores que integram estas necessidades, entre eles recursos, comunicação, empoderamento, integração, integridade e criatividade. “Todos nós somos violentos, por sermos criados e educados em uma sociedade violenta. Por trás de toda violência estão necessidades não atendidas, que precisam ser cuidadas. A intenção de cuidar dessas necessidades e a visão de que as outras pessoas são seres humanos que também têm necessidades fazem muita diferença”, destacou
Mulheres: luta conjunta por direitos
De acordo com Cassimila Carvalho de Sousa, a defesa da necessidade de respeito dentro e fora do ambiente de trabalho é uma luta essencial para as mulheres. Esta necessidade, segundo a especialista, abrange diversos aspectos, tais como o direito a não sofrer assédio ou qualquer outro tipo de violência, o direito a igualdade de oportunidades e o direito de expressar ideias e ser ouvida.
Sobre o assunto, a ATRFB ressaltou a importância da Comissão de Mulheres do Sindireceita, que busca atender essas necessidades para as Analistas-Tributárias no âmbito sindical e na Receita Federal do Brasil (RFB). “A necessidade de respeito é importante e parte do que representa uma comissão de mulheres é a busca por respeito, igualdade, inspiração e apoio. Pensando na Comissão de Mulheres do Sindireceita, vemos a busca por igualdade de oportunidades, para que haja espaço de fala, para que as mulheres sejam ouvidas e para que todas tenham oportunidade de crescer”, declarou.
Para Cassimila Carvalho, é essencial que as mulheres formem colegiados como a Comissão, visando a superação das desigualdades e violências sofridas por elas. No âmbito das desigualdades, Carvalho apresentou dados de 2018 que revelam este cenário no âmbito da Administração Pública.
Segundo as informações apresentadas pela ATRFB durante a Live, embora sejam maioria no serviço público, as mulheres ainda ocupam menos cargos na elite do funcionalismo. Em 2018, as mulheres ocupavam 43% dos cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS), porém, elas só estavam bem representadas até o nível 3. No DAS em nível 6, o mais alto na hierarquia da estrutura de cargos em comissão do Poder Executivo Federal, as mulheres ocupavam apenas 16,7% dos cargos.
Este cenário de desigualdade de oportunidades também é uma infeliz realidade dentro da RFB. Na instituição, as mulheres ocupam apenas 30% dos cargos, enquanto homens ocupam 70%. “Isso não significa que as mulheres são menos capazes? Não. Isso significa que historicamente as mulheres tiveram menos vantagens. A quantidade de pessoas negras em cargos de liderança também é mínima e, historicamente, essa população também teve desvantagens”, avaliou Carvalho.
“Tanto na Receita Federal como no Sindicato precisamos de mais participação feminina. A Receita Federal teve apenas uma secretária mulher durante todo o período de sua existência. Essa não é uma luta de mulheres contra homens. Queremos caminhar juntos e conscientizar a todos sobre isso”, comentou a coordenadora-geral da Comissão de Mulheres do Sindireceita, Denise Rodrigues de Figueredo.
Ao final da Live, a palestrante Cassimila Carvalho de Sousa respondeu diversos questionamentos das participantes. Confira abaixo a íntegra da transmissão ao vivo.
Comissão de Mulheres
A Comissão de Mulheres do Sindireceita foi instituída durante a LXXX Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Representantes Estaduais (CNRE), realizado de 1º a 3 de julho, em Brasília/DF. O colegiado é responsável pela formulação de propostas aos órgãos deliberativos e executivos do Sindicato e pela promoção de ações de debate, conscientização e valorização da mulher, tais como melhorias relacionadas à equidade, ao respeito, às condições de trabalho e à representatividade perante o Sindireceita e a Receita Federal.
Atualmente a comissão é composta por 27 Analistas-Tributárias. O colegiado possui o grupo ATRFB Mulheres, no WhatsApp, aberto a todas as servidoras do cargo interessadas (clique aqui para entrar). “O grupo de WhatsApp está aberto às discussões mais amplas possíveis no âmbito político do Sindicato em relação às questões de gênero. É um grupo muito interessante, onde nós temos cerca de 150 mulheres”, esclareceu Denise Rodrigues de Figueredo.