Contribuintes e servidores impacientes e revoltados nesta quarta-feira (24)
Muitos contribuintes irritados com o desrespeito e o descaso no atendimento do CAC (Centro de Atendimento ao Contribuinte) de Brasília. Este foi o cenário visto na tarde desta quarta-feira (24), após os contribuintes serem informados que o Plantão Fiscal não iria funcionar. O Analista-Tributário e supervisor do CAC, Severino Pereira Januário, informou a todos, após uma reunião de emergência, que iriam suspender o atendimento do Plantão Fiscal de Pessoa Física. O motivo: existem apenas dois auditores fiscais no plantão, um está de férias, e o outro faltou ao trabalho porque a sogra faleceu. Depois de horas de espera, os contribuintes tiveram suas senhas carimbadas para, se retornarem, serem atendidos até a próxima semana.
O contribuinte Arlânio Duarte Lima, 34 anos, informou que ontem completava o terceiro dia que ia ao CAC, mas não conseguia resolver uma pendência na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF) de 2012, ano calendário-2011. “Estou tentando tirar um dúvida, mas um empurra para o outro. Na terça-feira (23), vim porque já tinha passado da 5º retificação e para meu espanto, a servidora que me atendeu não conseguia sequer abrir um pendrive. Ela me atendeu com má vontade e uma tremenda falta de respeito e educação. Depois de muita insistência, ensinei a ela como abrir o pendrive, ela abriu a cópia da minha declaração e disse que o sistema estava fora do ar”, reclamou. Arlânio Lima afirmou que foi orientado a voltar nesta quarta-feira e pegar a senha do Plantão Fiscal a partir das 12h. As senhas foram entregues, mas o atendimento não foi realizado. “São mais de 14h e as pessoas estão aqui desde às 11h30 e ainda não almoçaram. Isso é um absurdo, é muita falta de respeito com os contribuintes”, criticou.
O caso do Sr. Carlos Emílio, de 73 anos, que estava extremamente gripado e rouco, é muito mais grave. De acordo com ele, há 15 dias tentava encontrar uma solução para o seu problema relativo ao resultado da Solicitação de Retificação de Lançamento. Felizmente, depois de muitas idas ao CAC, nesta quarta-feira o Sr. Carlos conseguiu ser atendido.
Já para L. O., de 33 anos, que não quis se identificar, os problemas são inúmeros. “Sempre ouvimos falar dos problemas da Receita Federal, mas só quando sentimos na pele é que realmente dá para se ter uma noção do caos no atendimento ao contribuinte. Já estive aqui outras vezes e, em outra ocasião, recebi três senhas erradas de atendimento. Falta informação em todos os sentidos. Os que trabalham na triagem não sabem identificar ao certo o serviço. O problema, muitas vezes, começa aí. Quando o contribuinte tem de pegar uma quarta senha, a paciência já se esgotou há muito tempo. Sem falar na espera para ser atendido”, exemplificou. L. O informou que ontem aguardou mais de duas horas para protocolar uma Impugnação de Pessoa Física e não pôde mais esperar porque já estava muito atrasada para o trabalho. “Peguei a senha às 11h23. Agora são 14h48 e não posso mais ficar. Estou muito irritada. Não almocei e não resolvi o meu problema. Terei que voltar novamente”, desabafou.
O clima de insatisfação verificado nesta quarta-feira, no CAC Brasília, é uma pequena amostra do que o Sindireceita vem denunciando ao longo dos anos. O descaso da Administração da Receita Federal do Brasil compromete as condições de trabalho dos Analistas-Tributários e, como consequência, reflete em um atendimento ineficiente aos cidadãos. Há extrema carência de servidores, que vivem sobrecarregados e estressados; os sistemas são lentos e caem constantemente; o tempo de espera é sempre maior do que os limites aceitáveis; existem demandas reprimidas; falta treinamentos e indefinição de atribuições; entre outros aspectos.
O Sindireceita trabalha para que os excedentes do concurso público de 2012 sejam chamados o quanto antes. “Há uma necessidade grande de Analistas, mesmo que o número do último concurso tenha sido maior, não supre a carência, cumpre apenas a vacância do cargo que já existia. A chamada dos excedentes é que vai representar, de fato, um incremento de mão de obra na Receita Federal”, destaca a presidenta Sílvia Helena de Alencar.